Film: The Wayward Cloud (2005)
Décimo filme que assisto e mais uma realização magistral do diretor. Nessa obra, ele traz uma cidade seca e desumanizada, em contrapartida, com ‘O rio’ e ‘Que horas são aí’ – quando a chuva e água eram bastante presentes – no ‘sabor da melancia’, os personagens têm que economizar água, pois ela é escassa, o clima é quente, as pessoas precisam de sombrinhas para se proteger do sol. O sexo acontece o tempo todo durante a história, mas as partes do coito propriamente dito, são as que menos o erotismo está presente. Perdendo para as alusões simbólicas corriqueiras, como a cena do fumo no pé e os enquadramentos que dão foco a região genital, assim como colocar o caranguejo na panela, molhar o miojo… Essa dicotomia descreve as relações sociais modernas tão discursadas por teóricos da pós-modernidade, em que há o sexo ou a conversa, mas não há a relação de confiança ou sentimentos. Esse clima de desumanização gerado pela globalização e isolamento provocado pelas cidades, está paulatinamente batendo na porta dos personagens, que se fecham e reprimem seus sentidos. Toda essa repressão do si funciona como uma represa, que excedeu seu limite máximo de água, e estoura em cenas musicais, que é exatamente a amálgama mais refinada das emoções das personagens, explodindo em uma profusão de cores exuberantes, fantasias caricatas e sentimentos expostos.