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Film: Spartacus (1960)

Houve discordância e censura sobre como seria retratado a política do filme, haja vista que se tratava de um filme sobre uma revolução popular, o que nos Estados Unidos, terra da perseguição a todo e qualquer ideal popular de contestação de classes, é um tema no mínimo controverso, sobretudo durante a guerra fria. O filme foi baseado no livro homônimo de Howard Fast lançado em 1951, autor preso por conta de sua militância política de esquerda durante o marcatismo nos Estados Unidos. O principal roteirista do filme foi Dalton Trumbo, que iria de encontro com as intenções do diretor Stanley Kubrick e do ator principal, Kirk Douglas, que também foi produtor executivo. Assim como Howard Fast, por ser comunista, Dalton Trumbo - o roteirista - era mais um dos colocados nas listas de exclusão - criadas pela perseguição aos comunistas durante o macartismo - do mundo do espetáculo de Hollywood por vários anos. Trumbo foi chamado em 1947 para ser interrogado na “Casa do Comitê de Atividades Não-Americanas” (House Un-American Activities Committee) no qual se recusou, sendo preso, por 11 meses, colocado na lista de exclusão após ser solto, e não mais podendo trabalhar sob seu próprio nome na indústria. Após décadas, Hollywood lança um filme “Trumbo” (2015), inspirado na história do roteirista, e sua filha (Mitzi Trumbo) conta em uma entrevista concedida ao The Guardian em 2016, como ator e produtor Kirk Douglas, foi até sua casa para conversar com seu pai sobre a realização do filme Spartacus que foi lançado em 1960, e creditado publicamente ao roteiro de seu pai, logo quebrando a lista de exclusão em que até então ele vivia sujeito desde 1947. Na época, Spartacus foi um dos filmes mais caros a serem produzidos no custo de 12 milhões de dólares (WINKLER, 2007), passando por sequentes reedições e cortes até ser restaurado em 1991. O filme representa, em sua mensagem geral, a rebelião dos escravizados como uma concretização dos esforços humanos para resistir a desumanização e sobrepujar a exploração de classes. Essa é a mensagem ao menos que o roteirista original tenta criar com a história, mensagem que Kubrick tenta resistir, procurando desumanizar os escravizados e comparar as agressões realizadas por estes a exploração dos romanos. Algo que não consegue fazer, haja vista que o novo diretor é bastante podado por Kirk Douglas na história e posteriormente vai resistir ao legado do filme. Dessa forma, a narrativa serve de palco para a discussão sobre o processo revolucionário em si, de forma que Espártaco e seu exército só é derrotado pela capacidade tecnológica mais elevada - conquistada através da exploração do trabalho - pelos romanos.

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